quinta-feira, 7 de março de 2024

A diferença entre medo, fobia e pânico

 

A diferença entre medo, 

fobia e pânico

Escrito por Daniel Bento

    Outro dia, na fila do supermercado, enquanto eu e minha esposa aguardávamos para passar pelo caixa, uma senhora à nossa frente conversava com a funcionária e acabou se dirigindo a nós, comentando que estava muito sobrecarregada, que havia ido ao hospital duas vezes naquela semana com dificuldade para respirar e dores no peito, mas que fora dispensada com o diagnóstico de ansiedade. Ela comentou ainda de sua angústia e medo gerados pelo ambiente de trabalho estressante; felizmente, em rápidas palavras, pudemos falar do amor de Deus a ela e convidá-la para conhecer a nossa igreja. Fica evidente, a partir deste episódio, que as pessoas estão atravessando muitas angústias e medos, a ponto de se abrir com estranhos em um supermercado. É importante entender como funciona esse mecanismo e estar atento aos sinais de quando o medo pode se tornar algo mais grave, causando sérios danos à nossa saúde mental.

    O medo é um mecanismo de defesa natural e saudável porque nos permite nos afastarmos de situações que possam ter um potencial destrutivo contra a nossa integridade, seja emocional, seja física. Porém, quando o medo começa a ser alimentado de forma exagerada, torna-se patológico, podendo se transformar em fobia que pode avançar para quadros de síndrome de pânico. O pânico nunca é um evento que surge do nada; ele é, na verdade, o resultado de algumas etapas que foram percorridas e, por vezes, a pessoa nem se apercebeu disso. O pânico é uma reação pontual e extremamente forte de medo, um medo que começou lá atrás e não foi trabalhado.

   Do ponto de vista clínico, nos últimos três anos em particular, tenho observado que as maiores incidências de medo ou os medos mais comuns são: medo de morrer, medo de perder alguém para a morte, medo de não dar conta de uma situação (sentir-se impotente diante de um desafio) e medo de rejeição. Quando um desses medos (ou todos eles) começa a habitar muito a mente da pessoa, ela está a caminho de desenvolver uma fobia e depois o pânico. Geralmente, na fobia, a pessoa já começa a se tornar paralisada diante da impressão ou convicção de que algo ruim irá acontecer. Aquilo que poderia acontecer remotamente, acaba se tornando algo tão presente no coração da pessoa que se torna uma convicção. Ela está certa, nada tira da cabeça dela que o seu medo irá se concretizar. Então, a pessoa acaba desenvolvendo uma paralisia diante da situação, instala-se um quadro de histeria e a pessoa acaba ficando imobilizada emocionalmente e em alguns casos, até fisicamente.

    Quando chega o quadro de pânico, a pessoa demonstra sintomas psicossomáticos: sudorese, tremor, choro, angústia, mudança na voz (algumas pessoas passam a ter a voz infantilizada ou voz aumentada, isto é, fala quase que gritando), transtornos de sono, transtornos alimentares, isolamento, carência afetiva aumentada. São sintomas importantes para se observar ao se diagnosticar uma síndrome de pânico.

    Em todos os quadros, seja medo, seja fobia, seja pânico, a intersecção sintomática é a ansiedade, ou seja, o sintoma que intersecciona ou está presente nesses quadros é a ansiedade. Que em si, não é ruim porque a ansiedade saudável é a expectativa boa, produtiva e proativa de algo que vai acontecer. Por exemplo, a pessoa foi convidada para um evento, ela se planeja, compra uma roupa, vai cortar o cabelo, vai se arrumar, compra um perfume, compra um presente, tudo isso faz parte da boa ansiedade. Agora, quando a pessoa começa a supervalorizar essas questões, ela pode estar caminhando também para um transtorno de ansiedade.


Daniel Bento
Pastor batista e psicanalista clínico
Pós-graduado em Aconselhamento

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