O que pode estar por trás das dificuldades na escola

Escrito por Daniel Bento

    Quando se fala de dificuldades de relacionamentos ou de dificuldades de aprendizagem na escola, há inúmeros fatores que precisam ser considerados antes de se chegar a uma conclusão. Por isso tratar deste tema não é uma coisa tão simples, nem dá para se fazer isso em rápidas palavras. No entanto, em linhas gerais, quero apresentar aqui algumas questões relacionadas a este tema. É importante determinar primeiro se a criança com dificuldade de relacionamento ou de aprendizagem é portadora de algum transtorno mental, estrutural, entre eles o transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH), o transtorno do espectro autista (TEA) ou até mesmo o transtorno de ansiedade (TA), que hoje em dia é muito comum se apresentar na infância, sobretudo pelo uso excessivo de telas.

    Transtornos depressivos também podem estar presentes, mas são menos comuns na infância. A criança tem uma série de vantagens em relação aos adultos, por isso, ela não desenvolve tão facilmente a depressão, embora seja possível encontrar crianças depressivas. Entre as vantagens que a criança tem, há o fato de seu organismo, por ser muito jovem, ter as descargas hormonais em condições adequadas. A criança também tem a possibilidade maior de nutrir esperança por causa de sua capacidade imaginativa ou criativa. Então, de uma forma muito interessante, Deus acabou provendo uma proteção especial para as crianças, evitando que muitas delas entrem em depressão, mesmo vivendo em condições bastante precárias. Muitas crianças, mesmo vivendo em situações de extrema pobreza, por terem segurança emocional (os pais são presentes), muitas vezes, por meio de artifícios lúdicos, como as brincadeiras, enfrentam a sua dor e sobrevivem à situação difícil de seu dia a dia. Este é só um dos exemplos que mostram como a criança é capaz de experimentar um escape dessas questões que poderiam causar uma depressão.

    Determinado se a criança não é portadora de nenhum transtorno mental ou emocional, o próximo aspecto a ser observado é o tipo de relacionamento que essa criança nutre no lar. Como é o lar desta criança? Ela pertence a uma família funcional, estruturada, saudável em que os pais estão presentes? Há irmãos? Cada membro da família um ocupa um lugar adequado dentro da função familiar (o pai, a mãe e os irmãos)? É preciso verificar se a família cumpre a expectativa do motivo pelo qual uma família existe, isto é, prover amparo, acolhimento, apoio emocional, espiritual e material para os indivíduos que compõem aquele lar. Isso independe de condições financeiras, mas muito mais da capacidade que as pessoas têm der se envolver umas com as outras, de se relacionar. É muito comum encontrar lares pobres do ponto de vista material, mas por haver apoio, afeto, carinho e acolhimento, serem lares felizes. Por isso a felicidade independe de condições materiais.

    Assim, não tendo nenhum transtorno emocional, nem mental e sendo parte de uma família funcional, essa criança tem todas as condições para ter bons relacionamentos na escola, ser proativa, e também ter um bom desenvolvimento intelectual por meio da aprendizagem. Neste caso, a criança não deveria apresentar nenhum tipo de dificuldade.

    No entanto, há ainda um fator a se considerar. Se a criança passou por alguma situação estressante (transtorno do estresse pós-traumático - TEPT) ela poderá apresentar alguma dificuldade de relacionamento ou de aprendizagem. Dependendo do tipo de transtorno, essa dificuldade pode ser temporária. Caso o transtorno seja mais profundo na alma desta criança, há uma tendência dessas dificuldades se estenderem da infância para outras fases da vida da criança. Neste caso, é importante buscar ajuda de profissionais capacitados para auxiliar a família a lidar com as demandas, proporcionando o desenvolvimento emocional e intelectual adequado e qualidade de vida a todos os envolvidos.

Pr. Daniel Bento
Pastor batista e psicanalista clínico
Pós-graduado em Aconselhamento

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