Atitudes típicas de filhos
superprotegidos
Escrito por Daniel Bento
Em Gênesis 27, nos versículos 11 a 13, vemos a reação de Jacó às instruções de sua mãe Rebeca que o induziu a enganar seu pai Isaque e usurpar a bênção de primogenitura do irmão Esaú. As atitudes de Jacó são atitudes típicas de um filho superprotegido. Vejamos quais são elas:
1. Falta de discernimento ético.
Quando Rebeca propõe que ele usurpe a bênção que por
direito era do irmão, ele não questiona: “Mãe, como vou enganar o meu pai? Por
que você está me mandando ir lá tentar roubar a bênção do meu irmão? Por que
você está me conduzindo a isso?” Sem questionar, ele demonstra total
incapacidade de fazer uma análise ética do que está acontecendo.
2. Desrespeito com o pai.
“Se o meu pai me apalpar, poderá parecer que eu estou
tentando fazê-lo de tolo”. Ele não está medindo o que o pai vai pensar, como
ele vai reagir, mas unicamente envolvido em colocar o plano em ação,
independente dos efeitos que tal ação iria causar no pai. Há uma inversão de
valores: Jacó está enganando e desrespeitando o pai e apenas se preocupa em não
ser apanhado. Pessoas superprotegidas têm muita dificuldade de reconhecer seu
próprio erro ou minimizam o erro. Sempre acham que o que estão fazendo não é
tão ruim assim; não conseguem identificar algo como pecado nem ter a coragem de
assumir que precisam abandonar determinada prática e mudar de vida; falta-lhes
esse discernimento.
3. Egocentrismo irresponsável.
Quando Rebeca propôs a Jacó enganar o pai, a única
preocupação dele foi se em vez da bênção ele recebesse uma maldição. Ele estava
interessado apenas em garantir que receberia a recompensa e não seria punido;
que teria lucro e não seria prejudicado. Não houve preocupação com o pai, nem
com a própria mãe, muito menos com o seu irmão. Não se importou com as
consequências que esse engano traria para a família, só pensou em si mesmo.
O ser humano já nasce egocentrado, e a prova é que
quando o bebê está com fome, ele berra para satisfazer sua necessidade e não se
importa com o bem-estar da mãe, obviamente. A criança deseja o leite materno,
chora e é conduzida para o peito; quando termina, apesar de ter mamado e estar
saciada, ao ser tirada do seio, ela berra. Há um fenômeno da psiquê em que o
bebê “acha” que a mãe é uma extensão de si mesmo e quando ele é tirado do seio,
há uma ruptura. Essa ruptura é saudável, precisa acontecer. A criança
evidentemente não tem esse discernimento e conforme vai passando o tempo, ela
começa a discernir que a mãe é outra pessoa. Ela começa a se relacionar com o
outro de forma saudável e vai deixando de ser egocentrada. Se ela deixar
sistematicamente de ser egocentrada, se torna uma pessoa saudável. Mas se isso
não for trabalhado na vida dela, se torna totalmente egoísta, uma pessoa que só
quer saber de si mesma, das vantagens para si mesma: “Eu vou ter bênção? Vou me
dar bem? Vou conseguir o que quero?” Não importa se os outros serão
prejudicados. Jacó tinha essa característica, de ser um egoísta irresponsável.
4. Ganância.
Jacó queria a bênção, mas não estava preocupado
com ninguém na família. A bênção da primogenitura era tão importante porque na
cultura de então ela funcionava como um contrato. Era algo que equivalia a uma
assinatura. Por isso, quando Isaque oferece a bênção a Jacó, ele não pode
voltar atrás, porque não pode quebrar o contrato. Junto com a bênção, estava
incluída a maior parte da herança que cabia ao primogênito, ou seja, os bens materiais
estavam nas entrelinhas desse contrato.
Toda vez que nos deparamos com uma pessoa que valoriza
demais as coisas materiais, é egocentrada, não se importa com os outros, trata
os próprios pais com desrespeito e não percebe seus próprios erros, pois lhe
falta discernimento ético e moral, estamos diante de uma pessoa que foi ou
ainda é superprotegida. Somente sendo alvo da disciplina de Deus, passando por
sofrimento e situações difíceis, como Jacó passou, é que essa pessoa
experimentará a transformação e as mudanças que se refletirão em seu relacionamento
com Deus e com os outros.
Pr. Daniel Bento
Pastor
batista e psicanalista clínico
Pós-graduado em
Aconselhamento
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