quarta-feira, 10 de julho de 2024

Atitudes típicas de filhos superprotegidos

 


Atitudes típicas de filhos superprotegidos

Escrito por Daniel Bento

    Em Gênesis 27, nos versículos 11 a 13, vemos a reação de Jacó às instruções de sua mãe Rebeca que o induziu a enganar seu pai Isaque e usurpar a bênção de primogenitura do irmão Esaú. As atitudes de Jacó são atitudes típicas de um filho superprotegido. Vejamos quais são elas:

1. Falta de discernimento ético.
Quando Rebeca propõe que ele usurpe a bênção que por direito era do irmão, ele não questiona: “Mãe, como vou enganar o meu pai? Por que você está me mandando ir lá tentar roubar a bênção do meu irmão? Por que você está me conduzindo a isso?” Sem questionar, ele demonstra total incapacidade de fazer uma análise ética do que está acontecendo.

2. Desrespeito com o pai.

“Se o meu pai me apalpar, poderá parecer que eu estou tentando fazê-lo de tolo”. Ele não está medindo o que o pai vai pensar, como ele vai reagir, mas unicamente envolvido em colocar o plano em ação, independente dos efeitos que tal ação iria causar no pai. Há uma inversão de valores: Jacó está enganando e desrespeitando o pai e apenas se preocupa em não ser apanhado. Pessoas superprotegidas têm muita dificuldade de reconhecer seu próprio erro ou minimizam o erro. Sempre acham que o que estão fazendo não é tão ruim assim; não conseguem identificar algo como pecado nem ter a coragem de assumir que precisam abandonar determinada prática e mudar de vida; falta-lhes esse discernimento.

3. Egocentrismo irresponsável.
Quando Rebeca propôs a Jacó enganar o pai, a única preocupação dele foi se em vez da bênção ele recebesse uma maldição. Ele estava interessado apenas em garantir que receberia a recompensa e não seria punido; que teria lucro e não seria prejudicado. Não houve preocupação com o pai, nem com a própria mãe, muito menos com o seu irmão. Não se importou com as consequências que esse engano traria para a família, só pensou em si mesmo.

    O ser humano já nasce egocentrado, e a prova é que quando o bebê está com fome, ele berra para satisfazer sua necessidade e não se importa com o bem-estar da mãe, obviamente. A criança deseja o leite materno, chora e é conduzida para o peito; quando termina, apesar de ter mamado e estar saciada, ao ser tirada do seio, ela berra. Há um fenômeno da psiquê em que o bebê “acha” que a mãe é uma extensão de si mesmo e quando ele é tirado do seio, há uma ruptura. Essa ruptura é saudável, precisa acontecer. A criança evidentemente não tem esse discernimento e conforme vai passando o tempo, ela começa a discernir que a mãe é outra pessoa. Ela começa a se relacionar com o outro de forma saudável e vai deixando de ser egocentrada. Se ela deixar sistematicamente de ser egocentrada, se torna uma pessoa saudável. Mas se isso não for trabalhado na vida dela, se torna totalmente egoísta, uma pessoa que só quer saber de si mesma, das vantagens para si mesma: “Eu vou ter bênção? Vou me dar bem? Vou conseguir o que quero?” Não importa se os outros serão prejudicados. Jacó tinha essa característica, de ser um egoísta irresponsável.

4. Ganância.
Jacó queria a bênção, mas não estava preocupado com ninguém na família. A bênção da primogenitura era tão importante porque na cultura de então ela funcionava como um contrato. Era algo que equivalia a uma assinatura. Por isso, quando Isaque oferece a bênção a Jacó, ele não pode voltar atrás, porque não pode quebrar o contrato. Junto com a bênção, estava incluída a maior parte da herança que cabia ao primogênito, ou seja, os bens materiais estavam nas entrelinhas desse contrato.
    Toda vez que nos deparamos com uma pessoa que valoriza demais as coisas materiais, é egocentrada, não se importa com os outros, trata os próprios pais com desrespeito e não percebe seus próprios erros, pois lhe falta discernimento ético e moral, estamos diante de uma pessoa que foi ou ainda é superprotegida. Somente sendo alvo da disciplina de Deus, passando por sofrimento e situações difíceis, como Jacó passou, é que essa pessoa experimentará a transformação e as mudanças que se refletirão em seu relacionamento com Deus e com os outros.


Pr. Daniel Bento
Pastor batista e psicanalista clínico
Pós-graduado em Aconselhamento

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