Consequências negativas do favoritismo de filhos na família
Escrito por Daniel Bento
Nos versículos 5 a 10 de Gênesis 27 vemos Rebeca
ouvindo a conversa de Isaque com seu filho Esaú. Ao perceber que Isaque ia
conceder a Esaú a bênção da primogenitura que lhe pertencia por direito, Rebeca
propõe a Jacó um plano totalmente antiético para privilegiar seu filho
preferido. O texto relata que Jacó segue esse plano quase sem nenhuma
hesitação.
Todo filho favorito acaba se tornando alvo de
superproteção, algo que traz sérios prejuízos à família. Podemos perceber neste
episódio algumas características de uma mãe superprotetora. Atitudes como essas
acabam trazendo transtornos para os relacionamentos dos filhos e para toda a
família. Sabemos que o homem é o cabeça do lar e sua responsabilidade é enorme
como líder da família, mas a palavra de Deus diz que a mulher também tem um
papel muito importante para que o lar seja um ambiente seguro e saudável, podendo
ser responsável pela ruína e pelo caos em sua casa: “A mulher sábia edifica o
seu lar, mas a tola o destrói com suas próprias mãos” (Pv 14:1).
Por isso, é muito importante que as mães tenham
atenção sobre como estão se relacionando com seus filhos, sem esquecer é claro
do relacionamento conjugal, que é a base de toda família. Embora hoje existam
inúmeras configurações familiares, diferentes do padrão instituído por Deus
(homem-mulher, macho-fêmea, e depois a família aumentada com a chegada dos
filhos), o relacionamento marido e mulher é o fundamento da família. No caso de
Isaque e Rebeca, esse relacionamento havia começado com muito amor, no entanto,
em algum momento acabou sofrendo uma separação emocional, um distanciamento.
A primeira característica nociva na atitude de Rebeca
foi sua astúcia. Quando Esaú saiu para caçar, ela esperou o momento
exato para agir, arquitetou o seu plano e o colocou em andamento.
Vemos também no versículo 13 a demonstração de superproteção
da parte dela para com Jacó. Quando ele considerou a possibilidade de que
poderia ser amaldiçoado, caso fosse descoberto, ela rapidamente respondeu:
“Caia sobre mim essa maldição, meu filho.” Ou parafraseando: “Vá e faça o que
estou mandando, se tiver alguma consequência, que recaia sobre mim. Você não
precisará lidar com as consequências daquilo que fizer debaixo da minha
orientação, das minhas ordens.” Ora, sabemos que isso não é possível. Porque
quando orientamos os filhos a terem uma certa conduta, cedo ou tarde, eles
terão de lidar com as consequências da própria conduta; colherão o fruto ou a
bênção daquilo que fizerem de correto, mas também irão colher as consequências
daquilo que fizerem de errado.
Rebeca também fez uso da manipulação. No
versículo 8, ela diz a Jacó: “Faça o que lhe ordeno”. Ela usou da prerrogativa
de mãe para manipular o filho, a fim de atingir seus objetivos e concretizar
seu plano maquiavélico.
Vemos ainda os efeitos dessa astúcia, superproteção e
manipulação no relacionamento conjugal. Nos versículos 15 a 17, vemos que
Rebeca não hesitou em tratar o marido com engano, frieza e desrespeito. Rebeca
fez tudo, montou todo o cenário, preparou seu filho, praticamente o vestiu.
Entregou a comida na mão dele e mandou que fosse conversar com o pai. Quando os
cônjuges não estão se relacionando bem, não conseguem falar a mesma língua; os
filhos podem ser usados como armas para atingir o cônjuge ou atrapalhar a
harmonia do casal. Não havia sintonia entre Rebeca e Isaque; cada um tentava
fazer o que achava que era melhor para os filhos. Essa diferença, essa disputa
quanto a quem deve conduzir o lar, estar no comando, a usurpação da posição de
liderança, acaba atrapalhando todo o processo de educação de filhos.
Diante dos malefícios que tais atitudes podem causar
para a família, é necessário que os pais estejam atentos e meçam, avaliem a
postura que têm para com seus filhos, do contrário, as consequências para a
família serão trágicas, danosas, terríveis. O afastamento entre os cônjuges e
tratar os filhos com favoritismo, agindo com astúcia, superproteção,
desrespeito e manipulação são atitudes extremamente nocivas para a família e
devem ser encaradas, confessadas, tratadas e abandonadas para o bem do casal e dos
filhos.
Pr. Daniel Bento
Pastor
batista e psicanalista clínico
Pós-graduado em
Aconselhamento
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