terça-feira, 2 de julho de 2024

Consequências negativas do favoritismo de filhos na família

 


Consequências negativas do favoritismo de filhos na família

Escrito por Daniel Bento

    Nos versículos 5 a 10 de Gênesis 27 vemos Rebeca ouvindo a conversa de Isaque com seu filho Esaú. Ao perceber que Isaque ia conceder a Esaú a bênção da primogenitura que lhe pertencia por direito, Rebeca propõe a Jacó um plano totalmente antiético para privilegiar seu filho preferido. O texto relata que Jacó segue esse plano quase sem nenhuma hesitação.

    Todo filho favorito acaba se tornando alvo de superproteção, algo que traz sérios prejuízos à família. Podemos perceber neste episódio algumas características de uma mãe superprotetora. Atitudes como essas acabam trazendo transtornos para os relacionamentos dos filhos e para toda a família. Sabemos que o homem é o cabeça do lar e sua responsabilidade é enorme como líder da família, mas a palavra de Deus diz que a mulher também tem um papel muito importante para que o lar seja um ambiente seguro e saudável, podendo ser responsável pela ruína e pelo caos em sua casa: “A mulher sábia edifica o seu lar, mas a tola o destrói com suas próprias mãos” (Pv 14:1).

    Por isso, é muito importante que as mães tenham atenção sobre como estão se relacionando com seus filhos, sem esquecer é claro do relacionamento conjugal, que é a base de toda família. Embora hoje existam inúmeras configurações familiares, diferentes do padrão instituído por Deus (homem-mulher, macho-fêmea, e depois a família aumentada com a chegada dos filhos), o relacionamento marido e mulher é o fundamento da família. No caso de Isaque e Rebeca, esse relacionamento havia começado com muito amor, no entanto, em algum momento acabou sofrendo uma separação emocional, um distanciamento.

    A primeira característica nociva na atitude de Rebeca foi sua astúcia. Quando Esaú saiu para caçar, ela esperou o momento exato para agir, arquitetou o seu plano e o colocou em andamento.

    Vemos também no versículo 13 a demonstração de superproteção da parte dela para com Jacó. Quando ele considerou a possibilidade de que poderia ser amaldiçoado, caso fosse descoberto, ela rapidamente respondeu: “Caia sobre mim essa maldição, meu filho.” Ou parafraseando: “Vá e faça o que estou mandando, se tiver alguma consequência, que recaia sobre mim. Você não precisará lidar com as consequências daquilo que fizer debaixo da minha orientação, das minhas ordens.” Ora, sabemos que isso não é possível. Porque quando orientamos os filhos a terem uma certa conduta, cedo ou tarde, eles terão de lidar com as consequências da própria conduta; colherão o fruto ou a bênção daquilo que fizerem de correto, mas também irão colher as consequências daquilo que fizerem de errado.

    Rebeca também fez uso da manipulação. No versículo 8, ela diz a Jacó: “Faça o que lhe ordeno”. Ela usou da prerrogativa de mãe para manipular o filho, a fim de atingir seus objetivos e concretizar seu plano maquiavélico.

    Vemos ainda os efeitos dessa astúcia, superproteção e manipulação no relacionamento conjugal. Nos versículos 15 a 17, vemos que Rebeca não hesitou em tratar o marido com engano, frieza e desrespeito. Rebeca fez tudo, montou todo o cenário, preparou seu filho, praticamente o vestiu. Entregou a comida na mão dele e mandou que fosse conversar com o pai. Quando os cônjuges não estão se relacionando bem, não conseguem falar a mesma língua; os filhos podem ser usados como armas para atingir o cônjuge ou atrapalhar a harmonia do casal. Não havia sintonia entre Rebeca e Isaque; cada um tentava fazer o que achava que era melhor para os filhos. Essa diferença, essa disputa quanto a quem deve conduzir o lar, estar no comando, a usurpação da posição de liderança, acaba atrapalhando todo o processo de educação de filhos.

    Diante dos malefícios que tais atitudes podem causar para a família, é necessário que os pais estejam atentos e meçam, avaliem a postura que têm para com seus filhos, do contrário, as consequências para a família serão trágicas, danosas, terríveis. O afastamento entre os cônjuges e tratar os filhos com favoritismo, agindo com astúcia, superproteção, desrespeito e manipulação são atitudes extremamente nocivas para a família e devem ser encaradas, confessadas, tratadas e abandonadas para o bem do casal e dos filhos.


Pr. Daniel Bento
Pastor batista e psicanalista clínico
Pós-graduado em Aconselhamento

👉
Acesse Livraria Cristã Emmerick.

Nenhum comentário:

Postar um comentário