sexta-feira, 13 de maio de 2022

Eu Posso ser uma Pessoa Segundo o Coração de Deus?


Eu posso ser uma Pessoa Segundo
o Coração de Deus?

Autor: Clayton Cabral da Cunha

Um menino ruivo, olhos bonitos, um moço belíssimo. Davi era notável, tanto por seu amor a Deus como por sua aparência física (1Sm 16.12). Era o mais novo de um total de dez filhos (1Sm 16.10-11). O primeiro livro das crônicas registra também o nome de suas irmãs, Abigail e Zeruia (1Cr 2.13-16). 

 Em sua juventude era um cuidador de ovelhas, especialmente as de sua família. Essa função lhe deu experiência suficiente ao ponto de se tornar um bom pastor dos rebanhos do seu pai, protegendo-os de leões e ursos (1Sm 17.36).
Davi era também um bom músico. Quando Saul sofria crises de depressão e melancolia, seus servos, conhecendo a reputação desse jovem, mandavam chamá-lo (1Sm 16.16). Um deles disse:


Vi um filho de Jessé, o belemita, que sabe tocar bem, e é forte e valente, homem de guerra, sisudo em palavras, e de boa aparência. E o Senhor é com ele” (v. 18).

 Esse texto relaciona várias características de Davi: seu talento musical, sua bravura, eloquência, boa aparência, mas, acima de tudo, a presença do Senhor em sua vida (GARDNER, 2005, p. 129).
Logo após o Senhor rejeitar Saul como rei, deu ordens expressas a Samuel para ungir um dos filhos de Jessé como o novo rei de Israel. O escolhido para o posto foi Davi, o mais moço da casa de seu pai (1Sm 16.12). O novo futuro rei recebeu duas confirmações de sua eleição: Samuel o ungiu numa cerimônia familiar e o Espírito do Senhor se apoderou dele (v.13). Com a morte de Saul e de Jônatas seu filho, na batalha em Gilboa (2Sm 1.4), Davi abre negociações com as dez tribos e se fortalece como monarca. Ele agora lidera todo Israel e consolida seu reino, fazendo inclusive de Jerusalém sua capital administrativa.

 O crescimento do agora Rei Davi, não passa despercebido aos olhos dos demais reis. Hirão, rei de Tiro, envia carpinteiros e pedreiros, a fim de construir um palácio para ele (2Sm 5.11). Davi foi elevado pela graça de Deus a uma posição de grande poder e por motivos óbvios, se torna um personagem trágico.
Davi era piedoso, estendia as mãos para os fracos (2Sm 9.7), mas também se irritava, lamentava-se, tinha sede de sangue (1Rs 2.9), mas tinha fome de Deus (Sl 51.9-13). Ele caía sempre que se levantava, tropeçava sempre que vencia. Os olhos bonitos que perturbaram Golias, foram os mesmos que o fizeram cobiçar Bate-Seba, mulher de Urias, o heteu (2Sm 11.2). Ele desafiou os escarnecedores de Deus no vale, mas se juntou a eles no deserto. Em um dia, era um escoteiro condecorado e, no outro, fazia amizades com inescrupulosos. Pôde liderar o grande exército de Israel, mas não conseguiu administrar sua família. Estamos dissertando sobre um homem segundo o coração de Deus? O fato de Deus vê-lo do modo como ele é enche-nos de esperança.

 A vida de Davi tem pouca coisa a oferecer ao santo imaculado. Os de alma reta acham a história de Davi decepcionante. Para o restante de nós, ela é reconfortante (LUCADO, 2006, p. 17). Estamos na mesma condição que a de Davi, a mesma montanha russa que ele percorreu, é a que diariamente percorremos, ou seja, a dos erros e acertos. Em momentos de conquistas, não havia ninguém melhor que Davi para considerarmos e seguir como modelo. Mas nos maus momentos, alguém poderia ser pior que ele? Apesar de tudo isso, o coração que Deus amava era um coração cheio de altos e baixos.
 O coração desse homem possuía oito mulheres, mas se curvava diante de um único Deus, o verdadeiro. Deus não chamou mais ninguém de “homem segundo o meu coração” (At 13.22). Jó foi chamado de “íntegro e reto” (Jó 1.1), Abraão foi chamado de amigo de Deus (Tg 2.23), mas nenhum deles foi tratado como o “homem segundo o meu coração”.

 A história de Davi é uma mistura de tragédia e providência divina. Precisamos dessa história. É interessante pensar que no relato não encontramos Davi na cena miraculosa da abertura do Mar Vermelho ou ao menos do Rio Jordão. Não vemos Davi envolvido em aparições de sarça queimando sem ser consumida. Ele não está presente na multiplicação de pães e peixes, muito menos envolvido na pesca milagrosa. Mas há um envolvimento de Deus para com Davi por motivos inexplicáveis, que o torna o próprio milagre. Deus o escolhe e o chama de “alguém segundo o meu coração e que fará toda a minha vontade” (At 13:22).
 Assim como eu e você, Davi também sabia que era pó, era humano, tinha falhas e pecados. Porém, durante toda a sua vida ele compreendeu que deveria se prostrar única e exclusivamente diante de Deus. Sabia também que a força que possuía, a liderança que exercia, vinha do próprio Deus, o Deus de Israel, o Deus de Davi:

O Senhor é a minha rocha, a minha fortaleza e o meu libertador” (2Sm 22.2).

Bibliografia

GARDNER, Paul. Quem é quem na Bíblia Sagrada / Paul Gardner; tradução Josué ribeiro. São Paulo: Editora Vida, 2005.

LUCADO, Max. Derrubando Golias. Rio de Janeiro: Agir Editora, 2008.

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