quinta-feira, 25 de abril de 2024

Modo Silencioso


 
Modo Silencioso

Escrito por Noemi Altoé Silva

    Gosto muito de aprender. Posso dizer que sou voraz por conhecimento, quase “viciada” em estimular o meu cérebro com coisas novas e fascinantes. Meus interesses variam muito, de teologia, política, saúde, música, literatura, história, psicologia a culinária, cinema e organização doméstica. Enfim, por causa dessa ampla gama de áreas e temas pelos quais me interesso e com o mundo de informações que temos na palma da mão, já faz algum tempo que comecei uma verdadeira cruzada para aproveitar ao máximo o meu tempo, aprendendo o máximo de coisas, no tempo que me resta neste planeta. Então, enquanto lavo louça, ouço um podcast da Elizabeth Elliot; enquanto lavo o banheiro, ouço um vídeo no YouTube sobre “A história do comunismo”; enquanto faço almoço, ouço músicas novas para introduzir no repertório de louvor da igreja; enquanto passo roupa, ouço um clássico da literatura mundial em audiobook (o tempo está passando rápido demais e minha lista de livros para ler/ouvir antes de morrer ainda está grande...).

    Estava tudo caminhando muito bem em minha cruzada; eu aproveitando cada hora do dia em dezenas de “minicursos” gratuitos pela internet nas inúmeras áreas mencionadas acima, aprendendo, sendo edificada com excelentes palestras, estudos, pregações, ouvindo coisas maravilhosas, inspiradoras, muito boas e sendo produtiva (não sei se você se identifica…). Porém, comecei a perceber que minha mente estava ficando muito acelerada, agitada por um turbilhão de informações, uma avalanche de ideias e eu não conseguia me organizar, nem no pensamento, nem nas ações. Uma inquietação começou a me dominar, até mesmo uma confusão mental, então entendi que é estímulo demais para uma mente finita e limitada como a minha. Não vou dar conta de aprender tudo que tem disponível na internet. Preciso ser ainda mais seletiva do que já tenho sido. Ficar apenas com o excelente e acima de tudo, reservar tempo para digerir tudo isso, ou para usar uma linguagem da pecuária, já que agora estou vivendo no MS, para “ruminar” tanta informação.

    Não é à toa que a Bíblia nos motiva a meditar na Palavra dia e noite. Precisamos do input, claro, ler, ouvir, estudar, mas para realmente aprender, precisamos permitir que o cérebro processe toda essa informação. Precisamos de pausas, de silêncio, de reflexão. Por não dar espaço e tempo para o silêncio e a meditação, podemos incorrer em um erro gravíssimo: silenciar e sufocar o Espírito Santo de Deus. Não dá para ouvir a doce e suave voz do Espírito com tanto ruído na nossa mente. Precisamos ouvir o que Ele tem a nos dizer diretamente a nós, sem intermediários. Além disso, sabe aquela vozinha dentro da nossa cabeça, vulgarmente conhecida como consciência? É bom deixar ela falar também e silenciar as distrações para que ela possa nos orientar (caso não esteja cauterizada, é claro). Temos cometido tantos erros porque não pensamos antes de agir, não refletimos, não analisamos mais as coisas. O barulho à nossa volta nos leva a tomar atitudes precipitadas, falar o que não devemos, agir por impulso.

     O silêncio nos ajuda a organizar as ideias, nos dá sensibilidade para aprender do Espírito Santo, pois permite que Ele nos faça lembrar de tudo o que Jesus disse e ensinou (Jo 14:26). Mas se estivermos o tempo todo assistindo a vídeos e ouvindo podcasts, será que vamos ouvi-lo falar conosco? Minha conclusão é que só ouviremos o que o Espírito Santo quer nos dizer quando silenciarmos todas as outras vozes e, em silêncio, aguardarmos o que Ele tem a nos dizer e ensinar. Por isso, em minha cruzada por aprender ao máximo, resolvi alternar som e silêncio, ensino e reflexão, vozes e pensamentos. Ainda ouço bastante coisa durante o dia, mas também acrescentei muitos momentos em que ativo o modo silencioso não só no celular, mas em minha mente também. Ao fazer isso, tenho ouvido o doce e suave murmúrio do Espírito fazendo um dueto com a minha consciência afinada com a Palavra de Deus. Essa tem sido a mais bela e agradável voz que preciso ouvir em todo o caos em que vivemos hoje em dia.



Noemi Altoé Silva
Casada há 27 anos com Daniel e mãe de três filhos (Jônatas, Timóteo e Benjamim); formada em Letras pela Unicamp e apaixonada por ler e escrever.


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