Educação muda pessoas ... Educação liberta
pessoas... Educação é um tesouro ..
“Evitai (disse o lavrador) vender a
herança,
Que de nossos pais nos veio.
Esconde um tesouro em seu seio.
Mas ao morrer o sábio pai
Fez-lhes esta confissão:
— O tesouro está na educação.”
Jacques Delors
Dentre
a diversidade de comemorações propostas no calendário, 28 de abril representa data
relevante para a sociedade refletir sobre a Educação. No Fórum Mundial de
Educação, em Dakar no Senegal em 28 de abril de 2000, fixou-se o compromisso registrado
no documento conhecido como “Marco de Ação de Dakar, educação para todos:
cumprindo nossos compromissos coletivos”. Assim sendo, no artigo 205 da nossa
Constituição Federal (1988) estabelece-se o direito de todo ser humano à
educação de qualidade. Esclarecendo que
a Educação proporciona o pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o
exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. Diante desta finalidade
é ideal o envolvimento de toda sociedade trabalhando para a valorização e
efetivação da qualidade desta Educação.
Nas
linhas abaixo me proponho a levar você leitor a se sentir parte desta
comemoração e junto comigo celebrar a dádiva de contemplar a liberdade de
sentir o quanto o conhecimento é libertador e transformador. Falo de uma posição que me permite “colocar/usar
os calçados da Educação”, pisar o chão da escola e vivenciar histórias reais
transformadas pelo poder do Educar. Me
sinto honrada por atuar na educação como profissão escolhida e fazer desta
profissão minha vocação ao trabalho. Não
nasci professora... Não estou professora... Eu me tornei e SOU professora por
meio do meu compromisso com a pesquisa, ensino e práticas que me possibilitam
todos os dias participar da formação de pessoas e testemunhar a transformação
que o conhecimento proporciona por meio Educação.
Nessa
trajetória profissional fui e sou inspirada por grandes nomes e referencias
teóricos que despertam em mim a esperança e a vontade de evoluir. São vários,
porém citarei apenas dois: Jan Amos Komenský, ou Comenius e Paulo Freire.
No
século XVII Reverendo Comenius,
precursor da introdução à valorização da educação - tinha como foco principal
promover uma “educação igual para todos” - apresenta, em sua Didática Magna,
uma proposta de ensino que, além da instrução, visa à transformação do
indivíduo por meio do ensino de valores éticos e morais conduzindo-o ao saber
cristão. Vale ressaltar, a luta de propor uma educação para todas em uma época
em que a educação se limitava a poucos, a elite privilegiada.
Uma das
concepções básicas que fundamenta a elaboração pedagógica de Comenius é a
compreensão de sua fé na existência de Deus. Nesse sentido, argumenta que todo
o homem/ser humano visto como a mais esplêndida criatura já criada, deve ter
acesso à educação, uma vez que, sem a graça do Espírito e sem a instrução, não
se atingiria a humanidade plena. Para ele o homem pleno só surge a partir da
educação. Porém, esclareço: Para melhor
compreensão dos princípios defendidos por Comenius é importante analisar o
contexto histórico vivido por ele e toda a história que o antecede. Posso garantir que a admiração será ainda
maior e também o desejo de dar continuidade às suas ideias, que no meu ponto de
vista não são utópicos e românticos, são profundos e reais, inspirados pelo grande
autor da vida, nosso Deus.
Registro
aqui, minha alegria e satisfação de desempenhar minha função com gestora de uma
instituição escolar confessional cristã, Colégio Presbiteriano de Presidente
Prudente de ter como uma das bases teóricas os princípios de Comenius que
fundamenta a prática da proposta pedagógica deste colégio.
Outro
grande nome é Paulo
Freire, nascido em Recife, em 1921, cresceu em uma família simples que contava
com auxílio financeiro de parentes. A crise de 1929, provocou falência e afetou
o pequeno comércio do seu pai e ocasionou sua morte. A mãe de Paulo Freire, uma
mulher cristã católica passou a ter mais dificuldades para sustentar seus filhos.
Desde pequeno Paulo precisou acompanhar a mãe na busca de encontrar a
generosidade de pessoas que permitissem comprar o alimento fiado. Foi assim,
que Paulo Freire testemunhou a fé de sua mãe. Ele não desistiu de sonhar e prosseguiu
na luta e conseguiu. Teve a oportunidade de receber o auxílio do dono de um dos
melhores colégios do Recife e retornar ao colégio como professor de língua
portuguesa. Nesta mesma época cursou a Faculdade de Direito. Se frustrou na
advocacia e não se sentiu capaz de atuar com cobranças que ocasionariam
prejuízos a uma família, pois uma das ações era retirar os instrumentos de
trabalho de uma profissional da saúde que não conseguiu pagar suas
dívidas.
Paulo
Freire questionou sim a religiosidade, mas não deixou ser cristão (nunca o
cristianismo). Faço aqui também um convite a você leitor, procure conhecer mais
de Paulo Freire, não se permita aceitar fragmentos ou opiniões
descontextualizadas. Definitivamente ele não foi comunista e tão pouco anticristão.
Sua dedicação de vislumbrar a Educação como um ato libertador inspirando as pessoas
a serem, por meio do conhecimento, agentes que operam e transformam o mundo.
Com Paulo Freire é possível compreender que
existem duas concepções que movem a educação: a concepção bancária e
a concepção libertadora também conhecida como humanizadora. A educação bancária pode ser melhor
entendida quando trazemos à memória evidencias da educação tradicional, marcadamente
discriminatória, onde os alunos são vistos como recipientes vazios prontos a
receber os depósitos ou conteúdos. Nesta proposta de Educação os educadores são
os depositantes destes conteúdos. A Educação Humanizadora se contrapõe à
educação bancária, sua metodologia é a problematização, os alunos devem
compreender a realidade que os cerca por meio de uma visão crítica, porém respeitando
diversidade cultural e história de vida. Uma educação que estimule à criatividade e
aproxime a relação entre educador e educando.
Portanto, considero a Educação como um tesouro. E
como conquistamos um tesouro? Explorando, pesquisando, investindo, estudando,
trabalhando. Este tesouro encontra-se escondido no interior de cada criança,
adolescente, enfim de todo ser humano. Mas, é preciso considerar que somos
seres individuais, com diferentes necessidades e por isso, precisamos de uma
Educação que favoreça a evolução e nos inspire a sermos agentes de
transformação. Nas palavras de Paulo Freire: “Educação não transforma o mundo.
Educação muda pessoas. Pessoas transformam o mundo”. Sem Educação não temos pessoas
para transformar o mundo. Por isso, valorize a escola. Valorize o professor.
[...]
a educação pode contribuir para conquistar um mundo mais seguro, mais sadio,
mais próspero e ambientalmente mais puro, que, ao mesmo tempo, favoreça o
progresso social, econômico e cultural, a tolerância e a cooperação internacional
(UNESCO, 1990, p. 2).
Escrito por Antonia Aurélio Pinto
Diretora Pedagógica do Colégio Presbiteriano de Presidente Prudente
Professora Universitária da FAPEPE- Faculdade de Presidente Prudente
Professora de pós-graduação do CESC – Centro de Educação Superior Continuada.
Psicopedagoga Clinica e Institucional
REFERÊNCIAS
1. COELHO, L. D. A pedagogia teológica de Comenius: um olhar em favor da educação eclesiástica. Vox Faifae: Revista de Teologia da Faculdade FAIFA. V. 4, n. 1, 2012.
2. COMENIUS, J. A. Didática Magna. Tratado da Arte Universal de Ensinar tudo a todos. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1966.
3. Didáctica Magna. Tradução por Ivone Castilho Benedetti. 3. ed. SP: Martins Fontes, 2006. (Paidéia).
4. DELORS, J. (Org). Educação: um tesouro a descobrir.
São Paulo: Cortez/Brasília: MEC:
UNESCO, 1998.
5. FREIRE, P. A importância do ato de ler: em três
artigos que se complementam. 23. ed. São Paulo: Cortez,1989.
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