Acolhimento e Quaresma
Escrito por Pr. Durval Neto
“Consolem o vosso coração e vos
confirmem em toda boa obra e boa palavra.”
2ª Tessalonicenses 2.17
Inicia-se hoje a
quaresma, contam-se 40 dias até o Domingo de Ramos, dando início à semana santa
que culmina na Páscoa.
Historicamente, entre
os cristãos, com a chancela do Concílio de Niceia no séc. IV, este é um período
de especial devoção. Nestes 40 dias que antecedem a Páscoa (44 dias, desde Paulo
VI) muitos cristãos dedicam-se a jejuns, caridades e longos períodos
de oração e leituras bíblicas - principalmente nas tradições cristãs católica, luterana,
ortodoxa e anglicana.
O Concílio de Niceia oficializou
a quaresma (quadragesima, em latim - 40 dias) no calendário
cristão baseado em já tradicional prática da igreja, que escolhera esses 40
dias anteriores à Páscoa como símbolo de outros importantes períodos de “40”
descritos nas Escrituras, como o jejum de Jesus no deserto, que durou 40 dias; o
dilúvio ao qual Noé sobreviveu, que também durou 40 dias e 40 noites; a
travessia do deserto por Moisés e os hebreus, que ocorreu em 40 anos, etc.
A tradição cristã de
herança puritana-calvinista, os integrantes da chamada reforma radical, como os
anabatistas, bem como o pentecostalismo e mais tarde o neo-pentecostalismo, tradições
constituintes do protestantismo de missão e formadoras do evangelicalismo brasileiro,
respectivamente, sempre sustentaram que não há razão para se observar a
quaresma, uma vez que jejuns, caridades e dedicação às orações e leituras
bíblicas devem fazer parte do cotidiano do crente. Tais disciplinas não devem
ser destacadas apenas num período específico. Bem como os votos e restrições
aderidos no período quaresmal são inúteis, se eivados na verdade interior.
Há de se observar
atentamente a questão da interioridade. De nada valem os votos e restrições sem
a adoração sincera daquele que apresenta sua oferta, sem dúvidas. Mas quem pode
medir essa sinceridade? Ainda, considerando a antiguidade, tradição e frutos
historicamente presentes nas comunidades cristãs no período quaresmal, não cabe
o esforço de conservar o que tenta uni-las de alguma forma? Ou jejuar, orar,
ler a Palavra de Deus, abdicar do mundo, em algum momento se torna vergonhoso à
fé?
Pois se para ganhar a amizade
do semelhante pode-se usufruir da liberdade de não comer carne vermelha na
sexta-feira da Paixão, por que não o fazer, por exemplo? E se ao comer não se
oferece escândalo e nem tropeça o irmão, também disso não haverá cobrança.
Na quaresma e no restante
do ano, busquemos acolher o irmão. Porque a ordem é esta: “Consolem o vosso
coração (orando juntos) e vos confirmem em toda boa obra (fazendo
caridade juntos) e boa palavra (lendo juntos a Bíblia).”
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