Quando Deus manda Matar
Escrito por Noemi Altoé Silva
Já se deparou com aquelas
passagens difíceis da Bíblia que a gente até gostaria de pular ou fazer de
conta que não estão ali?
O que fazer, quando durante a leitura sistemática da
Bíblia, lemos sobre o apedrejamento de alguém que desobedeceu a uma ordem expressa
de Deus? O castigo aplicado a Acã após ter visto, cobiçado e se apossado “entre os despojos uma bela
capa feita na Babilônia, dois quilos e quatrocentos gramas de prata e uma barra
de ouro de seiscentos gramas” (Js 7.21), se estendeu a toda a sua família. Não
foram tratados com misericórdia, não tiveram segunda chance: “E todo o Israel o
apedrejou, e depois apedrejou também os seus, e os queimou no fogo.” (Js 7.25).
O que falar de textos em que cidades inteiras são dizimadas, todos são mortos
(“Atacou a cidade e matou o seu rei à espada e exterminou todos os que nela
viviam, sem deixar sobreviventes” – Js 19.28)?
É nesse momento que muita gente para de ler a Bíblia ou
abandona a fé dizendo que não pode crer num Deus tão cruel, nem amar um Deus
que manda matar criancinhas. Esse é o ponto que mostra também que a nossa
teologia é crucial. É muito triste ver como uma teologia pobre ou limitada
impede as pessoas de aceitar a Bíblia e perseverar na fé.
Não tenho a pretensão
de explicar essas passagens problemáticas, uma vez que nem formada em teologia
eu sou. Mas como cristã, como leitora da Bíblia, vou dizer o que penso quando
me deparo com essas dúvidas.
Tento olhar a passagem complicada à luz de toda a
revelação bíblica. Sim, de fato, Deus mandou matar, mas em última análise,
todos já estavam condenados e “mortos em seus delitos e pecados” (Ef 2.1), além
do mais, o salário do pecado é a morte (Rm 6.23), então, condenar pecadores à
morte, seja pela morte natural, pela espada, pela peste, por uma tsunâmi ou qualquer
outro meio, é apenas justo e não cruel. Claro que essas passagens causam
desconforto e até nos entristecem, mas só quem não conhece toda a revelação, os
atos escancarados de amor de Deus e sua insistência em salvar, resgatar,
perdoar, curar, pode ousar chamar Deus de cruel.
É incrível como o nosso conhecimento a respeito de Deus
nos faz interpretar até mesmo dados científicos de forma diferente. Outro dia,
uma pessoa compartilhou comigo um vídeo (encaminhado com frequência nas redes
sociais) que enfatiza a pequenez do ser humano diante da grandeza do universo,
das estrelas, das galáxias, cujos números sou incapaz de reproduzir, mas você
já pegou a ideia.
O curioso é que essa pessoa comentou o vídeo da seguinte
maneira: “E você ainda acha que Deus vai se importar com o ser humano?”, dando
a entender que o universo é tão imenso e nós tão insignificantes que Deus não
daria atenção às nossas questõezinhas. Ora, minha leitura, ao olhar para as
galáxias, os planetas, as estrelas e a imensidão do universo é exatamente a
contrária! Deus fez tudo isso, sabe o nome de cada estrela (Sl 147.4, Is
40.26), é dono de tudo e ainda se importa com a minha vida, pois tenho
experimentado o cuidado dele em detalhes tão insignificantes, que só aumenta a
maravilha do poder e amor de um Deus tão sublime!
Só consigo chegar a essa conclusão, a de que Deus, apesar
de sua grandeza e poder, se importa com uma vida tão insignificante como a
minha, porque vejo em sua Palavra o cuidado e o amor que ele tem para com os
seus. Por isso, repito, a nossa teologia é tão importante. Do contrário, farei
leituras equivocadas (dos textos e da vida) e construirei para mim um falso
deus, que nada tem a ver com o Deus da Bíblia. Enfim, seja para entender
passagens difíceis da Bíblia, seja para maravilhar-se diante do universo
criado, a nossa teologia vai determinar nossa reação.
Vamos dar as costas a
Deus ou nos humilharmos diante dele? Vamos nos sentir abandonados ou
maravilhados diante de tanto poder, amor e cuidado?
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